miércoles, 19 de diciembre de 2007

Será que é só na Colômbia?


O fato é que, durante meus primeiros meses em Bogotá, algumas bizarrices aconteceram. Juízo de valor é besteira, o negócio é por tal qual. Abaixo, três exemplinhos simples para vossa avaliação.

1. “¿Oye, me puedes limpiar el pelo?”
Estava num café esperando um amigo. Vem uma menina com o papel na mão, me manda a frase acima e explica que jogaram alguma coisa nela quando estava andando na rua. Não questionei, olhei pros lados e limpei. Saiu agradecida.

2. Isso lá é hora?
Chegamos eu e o Alex em casa, nada de luz. Ligamos pra Codensa, a empresa responsável pelo serviço, e eles disseram que mandariam os técnicos logo em seguida, o que seria 11 da noite. Estranho, mas inegavelmente eficiente, assim que consentimos. Nada dos caras, fomos pra cama e nela, às 2h30 da madruga, despertamos assustados com uma ligação da mesma Codensa, certos ao primeiro timbre que era má notícia. Mandaram a frase “los técnicos están esperando en la puerta”. Meio sem reação, deixamos entrar, e eles saíram às 3h30.

3. Não seja frouxo... pra tomar sorvete
Perto de casa, a mesma rua de sempre, pela qual passamos para ir almoçar. Uma lojinha de sorvete perdida, com uma mulher gritando na porta: “Helado de paila*! Atréééévete!”. E eu mal sabia que pra tomar sorvete tinha que se atrever (mas gostei do apelo e entrei).

*Uma panela de cobre onde fazem o sorvete (foto). Esse é considerado um tipo de preparação artesanal de sorvete.

domingo, 2 de diciembre de 2007

Coisa mais linda



Música brasileira, na Colômbia, não é música regional, senão estilo musical. E está bem cotada, porque se escuta em todas as partes.

Diariamente à tarde, uma rádio programa só canções brasileiras (e tem coisa bem boa, melhor que muita emissora nacional que toca só música nacional). Qualquer bar toca bossa nova, tudo quanto é café tem MPB e os lugares descoladinho, vira e mexe, têm novos talentos brasileiros (dos quais, claro, nunca ouvi falar).

Mas qual não foi mi sorpresa ao escutar Ary Barroso em uma colação de grau, tocada em piano + violino. Olha só (vídeo), que coisa mais cheia de graça.

Relax


É tendência na Colômbia, e já estou treinando o Chus pra ver se a gente arremata uma grana extra.

Nome de brechó colombiano...


... não faz rodeios. Boa dica pro macaco Simão ;-)

miércoles, 21 de noviembre de 2007

E bimba(s)! Levaram o celular...


Tá, má notícia. Não são minhas preferidas, mas o fato é que são de se pensar.

Cheguei à Colômbia em agosto e, aos 15 dias, abriram minha mochila e roubaram a carteira. Claro que eu já tinha escutado mil vezes para não bobear com bolsas e mochilas e claro que ficava de olho, com exceção desta vez, quando saí de um restaurante, caminhei 10 metros, tirei a mochila das costas (pra evitar roubos) e bimba! Carteira gone com cartão, 100 mil pesos e cópia do documento (pra provar para quem não acredita que sou espertinha e já batizada em outros cantos).

Dia vem, raiva vai, fui a uma festa vip do núcleo audiovisual colombiano com farta bebida grátis e tudo. Deixo o casaco de lado porque o whisky estava subindo e bimba 2! Entre os bem nascidos da festa, alguém meteu a mão no bolso do casaco e levou o celular. Eu ligo horas depois, roubo percebido, pra saber se tinha jeito. Uma mulher, Violeta, responde a chamada dizendo que esse celular ela comprou e, em outras palavras, que eu fosse à merda.

O triste de perder um celular são os contatos e o aparelho caro, mas como eu não tinha nem uns, nem o outro, fiquei só com o amargor da grana que se foi e da mandada à merda da Violeta, então logo consegui relevar. Mas nada é para sempre, nem mesmo a cabeça fresca, assim que me mandaram um aviso para CONTINUAR ficando esperta e bimba 3! Em um café bacaninha da cidade, o Juan Valdés, roubam a minha jaqueta (pasmem) e, no bolso dela, meu segundo celular colombiano enquanto eu papeava com uma amiga.

Tá, foram momentos meus de tranqüilidade os que geraram as oportunidades de roubo. O fato é que me pus a pensar, afinal, como eu, rata de São Paulo e de seus roubos mais violentos (pelo que pude verificar até agora), rendi tanto para os ladrões locombianos de plantão.

Passa pela minha cabeça que aqui na Colômbia tem mais furto, esses de oportunidade, que assalto feio. O que me leva, por sua vez, à conclusão que o gera o maior estresse (os assaltos feios) é o tamanho de uma cidade e, por conseqüência, sua complexidade em termos de colocar gente do lado de gente, sobretudo quando há diferença de renda (ou seja, sempre). Aqui seguimos no “terceiro mundo”, talvez com mais complicações, e não escuto falar das barbaridades de São Paulo e do Rio.

Enfim, não sei bem e tampouco sei se importa. Se alguém quiser dar uma opinião a respeito, deixa um comentário ou aproveita e me liga. Só não seja no celular.

Arcadia, a missão


E seguem as colaborações com a imprensa locombiana!

Este mês, escrevi sobre os atores norte-americanos que deixam o cinema para se dar bem na televisão. Colocando de outra maneira, o povo aqui anda interessado em sitcoms. E pra dizer a verdade, como comento no artigo, a novidade em termos de narrativa hoje está nas séries, não nos filmes. É uma pena, mas quem sabe essa não seja a brecha que Hollywood vai dar ao cinema do resto do mundo?

Anfã, vejam mais no próprio artículo em si: Adiós, Hollywood (revista Arcadia).

domingo, 18 de noviembre de 2007

Mostrar é bom (e eu gosto)


E tá cheio de gente querendo ver (a maioria, desconhecidos). Por isso, resolvi colocar as foticas em um Flickr, e aqui oooo divulgo para que os voyeristas e a gente que morre de saudades da minha pessoa mate as ganas: http://www.flickr.com/photos/milaca/.

Batuque

Estávamos aí em uma série de gravações para um vídeo institucional e, na última delas, me deparei com um desfile de crianças (e "jovens") pelas ruas de um pueblito. Fazia uns 7 graus, mas a molecada estava praticamente pelada para representar as partes quentes da geografia colombiana (o desfile estava dividido por departamentos).

Blá pra lá, blá pra cá, o que interessa desse post é que adorei a batucada do evento, que transformou aquela musiquinha "¿Oye cómo va?" (era salsa?) em boa batida. Modernoso para os propósitos correntes desse tipo de desfile nessa tradicional Locombia.

Vejam e escutem por si.

lunes, 5 de noviembre de 2007

Entenda o porquê da esmola


Que loucura, hein? Dava pra fazer uma tese desse cara parado na Séptima calle de Bogotá. Eu só fiz uma foto, mas vale compartir.

Paixão revolucionária


Uma boa saída pra elogiar o Che Guevara (pelo menos para mulheres e homossexuais; e quem sabe para homens cientes do valor da estética) é ir pelo argumento não-político: vai ser gostoso assim na Argentina, em Cuba, na Bolívia e na África!

Essa fotenha digna de calendário de mecânicAs eu encontrei em um mercado de pulgas de Bogotá. Aliás, eu não, o Alex, assim que estou duplamente feliz. Tenho uma foto do Che em sua melhor performance de modelo e tenho um namorado ligado em estética! Alguém duvida? Tá, ele sabe das minhas preferências.

sábado, 27 de octubre de 2007

Mata a cobra (na Arcadia) e mostra o pau (no blog)


Pois eu disse e aqui está! Minha primeira colaboração com a imprensa locombiana, que de tão louca me abriu espaço. O assunto é o gostoso do Jack Bauer, que agora vai ensinar técnicas in- e outsider de Direito Internacional na Universidade de Georgetown, em Washington, nos Estados Unidos (contra o terrorismo).

Sim, a série 24 Horas passou à formalidade! Saibam mais no link abaixo e deixem comentários no site da Arcadia pra me prestigiar (aqui também, que preciso de prestígio em nível pessoal também, tá).

El Derecho Internacional, según Jack Bauer (revista Arcadia).

Ligação dramática


Durante a viagem, eu já tinha anunciado minha surpresa: na Colômbia, os minutos se vendem. É bem particular escutar as pessoas gritando "llamaaaadas, llamaaadas" e, melhor ainda, "¿tiene minutos?" a um tipo no meio da rua, como se minutos, talvez esses de tempo, tivesse o cara e ninguém mais.

O lance é que são minutos telefônicos, comercializados aí no meio do mundo, sem brindar qualquer privacidade ao que tem que fazer a ligação. Mas até aí - de que privacidade dispomos realmente? Foi pensando por aí que me surgiu a idéia de explorar esse tema no projecto documentário que tenho que fazer para o curso de cinema que venho freqüentando desde agosto. Pois o povo comprou a idéia, e agora somos um grupo a buscar papos indiscretos nas calles de Bogotá. Aguardem novas pro começo do ano que vem!


E pra entender mais da coisa das ligações na rua, escrevi um continho que nos serviu para tirar uns lances dramáticos de todo o processo que é comprar minutos. Está em espanhol, mas tranqüilo de entender que tão particular situação é essa. Disfruten, compañeros.

Hay celulares y celulares

Un tipo joven camina como si nada por Bogotá. Pone las manos en los bolsillos del pantalón, usa gafas oscuras y tiene los oídos tapados por los audífonos de un reproductor de mp3. Saca de la chaqueta su celular y mira en la agenda el número de una persona. Mira a su alrededor a ver si hay vendedores con celulares en la mano y se da cuenta que muy cerca un hombre lleva puesto un chaleco con el aviso “Minuto 200 a todo operador”. Se saca los audífonos, va hacia él y dice: “¿Tiene minutos?”. El vendedor pregunta al muchacho a que operador y, recibiendo la respuesta, intenta entregarle el aparato correspondiente. Como tiene cinco celulares uno en cima del otro en la mano, el vendedor termina derribando todos los demás aparatos en el piso. El tipo no sabe si lo ayuda, pues siente cierta vergüenza ajena. Termina decidiendo no hacer nada. Mira el número que tiene en la agenda de su propio celular, empieza a marcar pero no logra, porque se da cuenta que el teclado del celular está trabado. Se aburre porque no sabe destrabarlo, es un modelo que no conoce. Intenta dos o tres veces, hace cara de quien no entiende y le pregunta al vendedor, que, con mucha dificultad después de haber recogido los cinco otros aparatos del piso solo, le destraba el celular para que finalmente use. Otra gente se acerca, pide minutos. El tipo del mp3 termina de marcar y lleva el celular al oído para hacer su llamada. Hace una cara rara y cuelga rápido. El vendedor se da cuenta de su discreción o posible golpe de haberse equivocado pero hacer como si nada para no pagar el minuto perdido. Pero como el tipo en otro momento, hace que no lo vio. Finalmente el muchacho logra hacer su llamada. “Vivian! Dónde ca-ra-jo estás. ¿No me habías dicho a la 1 en la mierda del café? Son las 2, Vivian”. Mientras recibe las monedas de otro comprador, el vendedor gira los ojos al muchacho, a ver si llena su curiosidad con lo que sus oídos ya estaban escuchando. El tipo se da cuenta del interés del vendedor, pone la mano en la boca y da algunos pasos para alejarse del curioso. El vendedor, preocupado (la calle está llena de gente, puede perder su celular), hace señales al muchacho mientras le dice con la boca exageradamente abierta, intentando vocalizar lo máximo para no tener que interferir en la discusión: ¡NO TE PUE-DES A-LE-JAR!. El muchacho hace cara de mierda y vuelve, haciendo un esfuerzo todavía más grande por taparse la boca y ocultar sus intimidades. “Qué carajo, Vivian. Yo no te voy a esperar una hora más, ¿quién crees que eres? ¿¿Shakira??”. El vendedor no lo quiere, pero una vez ahí (y sin poder dejar el muchacho caminar con su celular), escucha a la conversación, dejando escapar una u otra cara de (des)aprobación por lo que escucha. El muchacho se da cuenta del posible papelón que está protagonizando y, por las dudas, decide terminar la llamada, ya que no tiene porque quedarse entreteniendo la gente en la calle. Algunos peatones también lo miran. Se despide con poca educación de Vivian y cuelga el teléfono. Al vendedor se le ocurre que puede haberle molestado el muchacho, pero entiende que no hay que hacer, este trabajo le tocó y eso es todo. Recibe el aparato de la mando de él, mira el tiempo transcurrido y anuncia: “Son 1000 pesos”. “¿¿Mil pesos??”. Le pide al vendedor – que, ocupado con este problema, pierde otros clientes para la competencia – para ver en la pantalla del aparato por cuanto tiempo ha hablado. “Acá dice 3 minutos 43 segundos, no 5”. El vendedor le acuerda del minuto equivocado y, aunque enojado por haber sido descubierto, el muchacho hace cara de derrotado y decide pagarle lo que pide. Saca los 1000 de la billetera colgada por cadena a su pantalón. El vendedor los toma sin decir gracia. Cuando sube la cabeza, el tipo, que tampoco dijo nada, ya se encuentra lejos, caminando de prisa calle abajo. Comenta con un colega de profesión que cada cosa que tienen que escuchar, mientras el muchacho, 50 metros abajo, habla otra vez por celular. Pero esta vez es Vivian quien lo ha llamado. Y, como el celular es el suyo, se siente libre para apoyarse en un muro y pelear lo que quiera.

miércoles, 17 de octubre de 2007

Chuuuuu-us!

Pra refrescar os últimos posts heavy-psicologia, lhes apresento Chus Polvazo Latino. El perro que é pura diversão.

De olhos fechados


Ao fechar os olhos, passei a mão para além da superfície e tive certeza: em meio a palavras bonitas, exercita-se a cultura do parecer e planta-se o nada. Eu, da órbita concreta do meu idealismo, sou capaz de lavar a cara de ingenuidade e enxergar que há algo além do mero desejar e dos poemas que nada exercem além de masturbação.

Não que eu seja angustiada ou tenha olhos para a verdade, querido. A Terra, se não o chão, é de onde eu venho. Mas, leve como o mais intenso dos sentimentos, sou feita de alegria e vontade e espero, sem as mãos atadas, não repelir de tanto querer atrair. Faço esforços, louvo o sentimento e só consigo provar da razão.

De onde miram os meus alvos? De olhos fechados, apenas sei que estão lá. E não invoco certezas, só espero que as balas me toquem e que seja fatal.

(Fevereiro de 2006)

Na linha da auto-ajuda


A gente tem traumas. E caberia dizer que essa verdade é tão real quanto o fato de ter duas pernas e dois braços. É parte da nossa constituição.

Dos meus, não sei dizer se tratei, mas confesso que, em algum momento do final da adolescência para os primeiros anos de adulta, entendi que a vida não se faz de remoídas baratas do passado.

É o puro jogo da culpa. Ou, com outro nome, da vítima. Quem tem a culpa? Todos, "e só sei que eu sou a vítima".

Isso me cansa. Pior, me dá medo. Queria gritar alto e que quem interessa escutasse de uma vez que dar voltas em torno dos próprios traumas é a pior besteira.

Especialmente quando a verdade é que, quem tem olhos, tem que ver.

domingo, 7 de octubre de 2007

"Puro subdesarrollo"


É interessante sacar como, entre iguais (ou parecidos), todos se entendem. Ou, pelo menos, ficam mais dispostos a se entender, a estender uma mão, a ver do que se trata antes de mandar um clichê ou uma resposta pronta.

Entre Brasil e Colômbia, somos todos subdesenvolvidos, certo? Sim, mas como eu disse em um post anterior ("O Brasil alemão"), aqui estamos em boa conta. No último sábado, escutei de uma companheira de curso, antropóloga de esquerda, que "o Brasil é o país do futuro". Quase babei!!! Pensei que era frase-feita nossa, limitada pelas fronteiras da brasilidade, tipo "Deus é brasileiro". Mas ela defendia que o país é grande e tem de tudo, incluindo meios de se auto-sustentar. Passado um segundo de orgulho pátrio, eu lhe comentei que toda a vida a discussão internamente era que como um país tão grande e tão "capaz", como ela mesma estava dizendo, podia ser tão dependente. Puro colonialismo. "Puro subdesarrollo", como eu e o Alex dizemos sempre que algo sai mal sem íntriseca necessidade de ter que ser assim.

E falando em fatalidades tercero-mundistas, outro dia quase morri de rir com uma bobada minha que, apesar de impensada, foi muito representativa do que é ter pensamento conectado com a Gringolândia. Estava com dois amigos do curso, e estávamos indo para a estação mais próxima do Transmilênio, o sistema de transporte massivo de Bogotá (e bota "massivo" nisso). Entretida com a conversa no momento de passar pela catraca, não me dei conta de que o que tirei da carteira era o cartão de crédito, não o cartão do Transmilênio, este mais adequado para ingressar no ônibus. A máquina, claro, cuspiu longe o inútil cartão.

Me cagué de la risa, como dizem os hermanos colombianos. Aliás, não só eu, como os dois que estavam comigo. Adiantando-me as piadas que viriam, eu mesma - zoando a minha pessoa - larguei: "Como que não aceitam a porra do cartão! Puro subdesarrollo!". Eles riram, entendendo a gracinha ao melhor estilo gringo. Nosso momento de sarro coletivo em relação aos "desenvolvidos" me fez sentir essa coisa que mencionei no começo do texto: entre parecidos, nos entendemos.

Outro fato também me fez chegar a essa confortante conclusão. Recentemente, entrei em contato com uma importante revista cultural da Colômbia para oferecer colaboração. Depois de alguns casuais desencontros com a diretora responsável, cheguei rapidamente ao momento em que me convidaram para conhecer a redação e falar de um dos temas que eu sugeri e que lhes havia interessado muito. Fui pensando que se tratava de uma conversa-teste, de um primeiro acercamiento. Mas que nada: era para pôr a mão na massa logo. Perguntaram se eu sabia mesmo escrever em espanhol, eu disse que sim. "Com revisão, estará tudo em ordem". Pediram que eu entregasse o texto na mesma semana, eu disse que sim. Ofereceram ajuda telefônica (as entrevistas eram com personagens dos Estados Unidos), e eu disse que sim!*

"Como foi fácil", pensei. Na Alemanha, durante o tempo que vivi lá, mesmo tendo redação em alemão, eu levaria uma eternidade! E por quê? Porque o Brasil não é o país das jovens jornalistas, senão o país do futebol e do carnaval, caralho. E pela desgraça do "subdesarrollo". Como diz o Alex, ninguém quer ir "de Guatemala a Guatepeor".

O fato, dismitificando a pura "hermandade" (que eu realmente acho que existe, mas é claro que a coisa não para aí), é que temos medo - e, portanto, sentimos respeito - de quem é "superior". E que desprezamos os que julgamos "inferiores".

Quase iguais, com essa ponta de desvantagem que a Colômbia crê ter em relação ao Brasil, a coisa é que, pouco a pouco, por aqui vão me aceitando. Só espero que seja por mim, que sou uma coisa menor e mais fácil de entender que um país inteiro.


* Aguardem novidades! Assim que for publicada a reportagem, eu a reproduzirei aqui. Para sanar as curiosidades aguçadas, o texto trata do seriado 24 Horas, Hollywood que acaba de virar matéria universitária. Vejam vocês.

jueves, 20 de septiembre de 2007

Dia quase-qualquer


Quarta-feira, dia qualquer, e hoje vivi quase de tudo um pouco. Acordei como há que acordar e decidi comer fruta com aveia, o que QUASE nunca faço. Comi o mamão quase pela metade do prato, sem gosto que eram, a fruta e a aveia. Saí de casa pouco depois das nove, quase o horário que tinha programado. Bom. É incrível (ou crível) a quantidade de coisas que acontece – ou quase – e que acaba por fazer de uma quarta-feira qualquer um dia digno de livro ou novela (cinema pode ser menos espetaculoso).

Casa de Jorge Villa, centro. Cheguei à casa do Jorge, realizador audiovisual e crítico quase ferrenho da Colômbia e a chamada “colombianada”. Eram as 10 ou quase, conforme o combinado para a entrevista. Não fosse o forobodó em frente ao edifício, o plano teria se realizado. Não dei bola para o que me parecia “qualquer coisa”, como faço sempre. Primeira pergunta vai, a resposta quase vem, e resulta que aquela era a data de uma inspeção no prédio, quase para ser desocupado. Vizinhos entraram e saíram acompanhados da advogada e de uma que chorava soluçando horrores ou por aí. Um pouco mais de tempo e um pouco menos de drama, e consigo convencer o Jorge de que a culpa do cinema (ou quase) na Colômbia é da televisão. Saí quase satisfeita: convite para gravar em Cartagena. Bem bom.

Centro de Bogotá, e caminhei entre frustrada e animada com o lance do Jorge. Da projeção passei num átimo à real realidade. A consulta médico no “Profamília” não tinha horário, mas era como se quase. Andei correndo para evitar o meio-dia, que é o horário livre do resto do mundo (ou praticamente isso). Consultório da Dr. Diana, e eu descubro que meu DIU recém-colocado está sendo repelido pelo meu corpo rebelde. Necessidade de exame de gravidez, e termina que eu quase posso ser mãe.

Repito: quarta-feira, um dia qualquer. Nem era feriado. Quase flertando com a idéia da maternidade, eu quase consigo confirmar a possibilidade da dúvida, não fosse minha incapacidade de fazer xixi no momento em que mais preciso dele. Foram 45 minutos de espera para as primeiras contrações da bexiga, e fico sabendo que ser mãe – ou quase – é uma espera que começa muito antes do que se imagina. Não deu nada. Ótimo. Por agora.

Carrera 7ª, eu semi-aliviada. Quase perco o almoço por pouco preço, não fosse a pressa que me garantiu restaurante aberto e o PF de frango. Corri comendo, e logo o filme começou no horário, às três ou quase. Cinemateca Distrital, filmaço, uma loucura. Saí pensando que tinha o tema do meu sonhado documentário. Algo muito inovador – ou quase –, tipo a relação homem e mulher. Tipo simples e contundente?

Tipo cinco da tarde, e aquele sol com ar frio que só Bogotá... Ameacei ir à aula do curso da universidade, mas no fim não. Uma quantidade de coisas em uma quarta-feira, e ao final nada. Estava quase confusa. Cansada. Afinal, quase entrevistadora, realizadora, mãe e documentarista. Incrível a quantidade de coisas que ameaçam acontecer em um dia. E nem era feriado.

jueves, 13 de septiembre de 2007

Modelo curitibano pegado

Do sistema de transporte de Bogotá, o famigerado Transmilênio, diz-se que foi inspirado no tranporte público de Curitiba. Eu não tinha idéia de que os curitibanos, ditos moradores de uma cidade-modelo, iam e vinham tão pegados uns nos outros.

miércoles, 12 de septiembre de 2007

O Brasil alemão



A grama do vizinho é mais verde, a gente sabe. É até saudável observar o progresso do outro e sentir-se estimulado a melhorar alguma parte da própria vida que necessite perspectiva para evoluir. Acho inclusive que o processo de aprendizado acontece nestes exatos termos comparativos, afinal estamos todos constantemente exercitando o contato com o outro para, após uma longa vida, descobrir quem somos nós mesmos. Algo como voltar rendido ao próprio umbigo.

Mas achar que tudo o que tem o vizinho é melhor não é legal.

Uma das grandes verdades sobre viajar é que o viajante adquire outra visão sobre seu país de origem. Sobre sua cidade, se for à cidade do lado. Sobre seu bairro, se visitar outros melhores e aqueles que são piores. É como – imagino eu, porque tão longe não fui – olhar a Terra desde uma nave espacial e sentir imediato carinho por esse errante planeta azul que está em perigo.

Na Colômbia, assim como em grande parte da América Latina, o Brasil é adorado. Ótimo que seja adorado, estarão pensando (assim como penso eu), porém retruco que meu raciocínio é mais ambicioso que isso.

Sinto como fosse uma alemã viajando por esse mesmo Brasil: na Alemanha tudo é organizado, não há burocracia, você compra um produto que vem com defeito e recebe dois na troca, além de um vale jantar no restaurante mais caro da cidade e um crédito de 10 mil euros para comprar mais eletrodomésticos na mesma loja. Além, claro, dos olhos dos alemães serem mais verdes.

Pura mentira. Problema todo mundo tem, não importa o quanto isso soe clichê, e coisas nas quais outros podem se inspirar também. Aqui, o cinema brasileiro é visto, por exemplo, como um grande acerto. Ótimos filmes, fartas empresas de distribuição fazendo o seu trabalho, o público enlouquecido com suas próprias histórias e muito mais. O povo me diz, e a minha boca abre. Não que não haja nada de bom no nosso cinema, muito ao contrário, mas o que vem à minha cabeça e funciona de alavanca pra abrir minha boca é o discurso de quem faz cinema no Brasil. “Dominação americana, o espectador não quer se ver na tela, salas literalmente empipocadas e blá, blá, blá”. O que, me perdoem, é a pura verdade – e não um discurso pessimista. O mesmo acontece com o cinema argentino e com o mexicano.

O que será então que acontece na Colômbia? Eles estão pior. Em geral, o cinema é mais capenga, os cineastas capengam mais, e a lei de incentivo é mais jovem. E esse raciocínio não tem a ver somente com o cinema. Eles acham que o Brasil é (mais) maior (de grande), o brasileiro dança melhor, o presidente do Brasil rouba menos e no Brasil se ganha mais.

Será? Oxalá. Amém.

A única contra-tendência nesta história veio de um amigo que comentou o recente acordo assinado entre Brasil e Colômbia para a circulação de cidadãos entre os dois países sem necessidade de visto ou passaporte. Agora basta aparecer no aeroporto com RG (ou equivalente), e se abrem as fronteiras. Meu amigo disse: “É que entre bandidos a gente se entende”.

Eu ri, porque problema a gente tem, e eles também. Poucos param para pensar que Brasil e Colômbia são parecidíssimos, do feijão ao café, da memória curta ao jeitinho (brasileiro?) de burlar as regras, passando pela presença negra na composição das duas populações, o que determinou música, comida e gente com a mesma origem. Sem falar do narcotráfico e da violência urbana.

Conheci uma venezuelana que veio a Bogotá, segundo suas próprias palavras, “para fugir do presidente”. Eu provavelmente fugiria do Chávez, mas não creio que chegaria a idolatrar Bogotá do jeito que ela faz, como se tivesse encontrado o novo amor de sua vida. O velho, de quem hoje é desquitada, se chama Caracas. Até os mendigos daqui, ela frisou, são melhores que os de lá.

Ego massageado à parte quando me falam bem do meu país, o que me dá pena é a relação de imperialismo que a América Latina tem incrustada na sua história. Se não é de fora pra dentro, vai de dentro pra dentro mesmo. O Brasil é mais, assim como a Argentina, que talvez seja ou tenha sido mais que o Brasil. O México também é mais, hoje, do que a Argentina. Mas vá perguntar a um mexicano o que ele acha do tango e da caipirinha. “Isso sim é maneira de se viver”.

Tenho plena consciência que uns países são mais industrializados do que os outros. Que a carne argentina realmente é a melhor. Que o vinho chileno é bom e barato. Que a culinária peruana é talvez a mais elaborada do continente. Mas isso eu sei sem ter que me desquitar do Brasil e porque tive a chance de viajar para identificar o que tinha de bom por aí, no mais além do meu umbigo. Não porque eu padeço da doença “do quero o outro”.

O que faz falta não é entregar troféus aos melhores, senão melhorar. Isso, vale a pena reforçar, enquanto se intercambiam informações e conhecimentos dentro desta subdesenvolvida – e por inteiro – América Latina.

Assim, quem sabe, o Brasil não vai ser pintado de Alemanha, quando não o é (e o que seria se fosse, hein??).

jueves, 6 de septiembre de 2007

Um blog íntimo para mudar de vida


Hoje senti um clique para fazer deste blog algo mais pessoal e psicológico, algo na base do relato pessoal, como tem feito o diretor Fernando Meirelles no blog sobre a rodagem de Blindness, seu novo filme. Adoro piadinhas mais distantes, do tipo irônico, sobre alguma observação vivida em um lugar diferente daquele com que se está acostumado. Mas a verdade é que ando em um momento introspectivo, e por isso me tem falhado a perspicácia do olhar, pelo menos à agudez que me gostaria.

Mudar de vida é um baita esforço. Mas não é só isso: também é uma maneira de se levar a própria vida, negando – ou tentando evitar – que as coisas se estabilizem ao ponto de gerar tédio, cansaço psicológico, medo da velhice, arrependimento pelo que não se fez. Esse hábito, que eu creio ter desenvolvido, é bom por essa série de coisas que enumerei aqui, mas também é uma espécie de mal, desses que a gente tem sem saber, porque se acostumou a viver com ele.

Minha primeira experiência fora do Brasil foi na Itália, onde conquistei aquela sensação de que o mundo poderia ser meu – e de que oxalá o fosse através das viagens que meti na cabeça que poderia e iria realizar. Em seguida, veio o conturbado, porém riquíssimo e inesquecível período na Alemanha, onde o projeto e os objetivos de se estar ali foram se consolidando no meio do caminho, em uma espécie de cena paralela à que estava realmente acontecendo. Depois dessas vivências, que duraram algo em torno de três anos, voltei para casa com ganas de muito e de tudo, além de um olhar para o Brasil que sem dúvida me parecia muito mais livre e fiel, e portanto mais feliz, do que seria se eu sempre estivesse ficado no meu quarteirão.

Locombia, ao contrário dos outros lugares, escolheu a mim. Não só o país, senão seu contexto maior, que é a América Latina, o subdesenvolvimento e sua pá de coisas ainda por fazer, o modus operandi da gente, a música. E uma pessoa. Interessante ser escolhida quando o que se faz não é outra coisa que escolher, decidir. Vim pra cá com a mesma vontade de conquistar um novo espaço que senti outras vezes, mas com um crédito depositado na conta desta mesma incerteza de ter sido chamada em vez de chamar.

A alegria é aquela velha conhecida: olho pela janela, e é novidade; pego ônibus cheio como fiz milhares de vezes, e a balada é como se fosse vivida por primeira vez, assim como muitas outras coisas simples ou pensadas que faço – me agradem ou não. As pitadas de tristeza vêm da saudade, coisa que até que gosto de cultivar pra sentir amor na prática, do medo de ter errado (esse, tão arraigado na minha cabeça), da ansiedade por que as coisas se resolvam logo e atestem de uma vez que já deram certo.

A Colômbia – ou Bogotá, que é maneira mais justa de se referir ao meu novo entorno – é um lugar de muitas iniciativas. É um pólo de resistência, como todo “santo” canto latino-americano. E de uma incrível força de dentro pra dentro, mais do que de dentro pra fora: gente sobrevivendo como pode, fazendo bicos e curtindo churrascos e cervejas nos intervalos do jogo, pegando ônibus cheio além dos níveis de normalidade e achando isso engraçado, inventando projetos, vendo notícias e novelas na televisão e enfrentando a burocracia dos seus próprios burocratas. E criando - bastante e como pode.

Espero muitíssimo encontrar meu lugar aqui nesse lugar, que não é nada distante do meu de origem. Com sorte, depois das andanças tantas, vou chegar àquela tenaz conclusão de que buscamos a nós mesmos em outros lados, que já posso sossegar, entregar o racicínio à sorte que é minha e também a do espaço que escolhi. Então, poderei celebrar o lado bom de mudar de vida por um país, por alguém... O que for.

lunes, 27 de agosto de 2007

Peito varonil

Que tal isso: todos os dias às seis da tarde, em qualquer estação sintonizada, o rádio colombiano pára tudo para oferecer... o hino nacional da Colômbia! Não tem escapatória, praticamente como a Hora do Brasil, a quem ninguém dá bola.

Só que na Locombia o interessante é que não se trata de noticiar nada, senão de martelar sem muito mistério o nacionalismo na cabeça das pessoas. Ainda não sei qual é a repercussão disso, se a gente se sente conectada ao tema por algum frágil fio, se bem que acabo de escutar do Alex: "No te burles". OK.

O que posso dizer, sim, é que, por aqui, o fenômeno das bandeiras é, realmente, um fenômeno. Qualquer padoca tem a sua aí bem hasteada, cheia de orgulho. Até a Bayer alemã - que em seu próprio país não poderia soltar o amor à pátria por certas questões do passado que ainda afetam o presente - tem a sua ao lado de uma colombiana, claro.

Bom, e para quem morreu de curiosidade por saber como é o hino colombiano, esse vídeo afanado deste tipo chamado Jairo Afanador é pura pérola dos 80. Divirtam-se.

martes, 14 de agosto de 2007

Salsa em parque tupiniquim, nem de graça?


Esse fim-de-semana fomos a um dos eventos mais badalados de Bogotá, o Salsa al Parque. Trata-se de uma série de shows de grupos salseiros em pleno parque Bolívar, que transborda aos sábados e domingos, deixando o Ibirapuera no chinelo, apesar de ser três vezes maior.

Impossível dançar, mas ninguém estava nem aí: e viva a arte de escutar as maracas.

Entre show e outro, eu me perguntava que seria de um show de salsa em São Paulo ou no Rio a(ahahhaha), nem que fosse nas mesmas condições que esse: de graça, com bandas top de Cuba e de Porto Rico, três dias ininterruptos de apresentações etc. Acho que só iria eu, o Esteban e outros perdidos do Conexión Caribe.

Será que em engano??

Latineando sempre... E agora, a partir da Colômbia

Uy, uy, uy! Muito tempo passou. Em fins de fevereiro, iniciei a era de Peixes indo viajar, fui, aconteci, voltei e mal desfiz as malas para começar a empacar caixas e então zarpar definitivamente. Escolhi a Colômbia, ou a Colômbia me escolheu, então fiz anúncios para vender os móveis (grande êxito da minha carreira) e saí pro "mundo".

Não dei mais notícias. Até a revista TPM de julho saiu com um registro meu sobre a viagem, incluindo o endereço deste blog, e eu só no trasteo, sem tempo para compartir as experiências de enviar caixas para Bogotá e de pagar excesso de bagagem com os amigos das Internê!

Pois, agora já instalada, tanta falta de dedicação está com os dias contados. Já me encontro bogotando, em uma simpática casinha do bairro de Mandalay, onde Alex e eu temos nosso QG.

A idéia, portanto, é que de agora em diante este humilde blog trate das peripércias de colombianos e seu locombianismos, além da relação tão estreita, apesar de tão distante, entre Brasil e Colômbia. Sem esquecer, é claro, das boas notícias que surjam dos nossos vizinhos.

Porque latinear é uma arte. Errante.

Vamos lá ;-)

jueves, 14 de junio de 2007

Camila vende tudo... Daqui a pouco, o corpinho

Expressionante! O sucesso do bazar foi tão grande e tão meteórico, que estou desejando abrir uma loja de decoração.

Pessoas se estapearam, tentaram me subornar para não vender determinados itens a outrem, disseram que pagam mais e ainda juraram me apoiar no que quer que eu faça! Estou tocada. Por esse motivo, além de fazer um balanço do que sobrou (para atualizar os interessados), ponho uma segunda leva de coisas.

Destaque total dessa baciada: o quadro/afiche do SOY CUBA - pintado à mão, trazido de Cuba e moldurado aqui, sem economia. ITEM DE COLECIONADOR!!! Ai, que dor no coração... Enfim, re-aproveitem ;-)

AINDA À VENDA DA LEVA ANTERIOR (mas por pouco tempo, pessoas já colocaram o olho):

puff - 40 reais
planta - 30 reais (gente, peloamordedeus, cadê a consciência ecológica?)
mesinha de centro - 70 reais
armário TV - 70 reais


E AS NOVIDADES...

Cartaz do clássico soviético-cubano SOY CUBA, importado da própria Cuba em si, pintado à mão e moldurado aqui sem miséria. Estou chorando pela minha capacidade de desprendimento ao colocá-lo à venda. R$ 300, pra quem quiser mesmo, porque não me custou barato! Senão, levo pra Colômbia e pronto.

Sorrisão o da Marylin, hein? Por 40 reais, ele é seu.

Moldura chique, pro quadro que vc quiser (eu usava assim). R$ 40.


Caixa de madeira para bijoux (ou ferramentas, meu amigo) importada da ALEMANHA. Juro. Podem perguntar pro Helmut. R$ 50.


Tostadeira para um café-da-manhã feliz. "Só falta o labrador", diria o André. Por R$ 50.


Máquina de costura novíssississima. Usei duas vezes. Gente, cada coisa. R$ 200.


Quadro de fotos e/ou avisos. De metal, por R$ 40.

lunes, 11 de junio de 2007

Camila vende tudo... E vai pra Bogotá!

Pois é, não houve como resistir. Eu fiz que não era comigo, pretendi que a viagem seria uma experiência marcante e nada mais, mas não rolou.

Cada passeada por uma cidade, uma investigação. Depois de flertar com muitas propostas, resolvi aceitar a do narcotráfico, que - como era de se esperar - alcançou agradáveis níveis financeiros.

Então, decidi fazer a malinha: vou para a Colômbia. Bogotá é a escolhida, e para lá eu não posso levar meus maravilhosos (apesar de modestos) móveis. Por isso, decidi promover um agradável e baratíssimo bazar virtual.

Assim meus amigos me ajudam a escoar a casa para, pelo menos simbolicamente, preencher outra! Abaixo vocês, amigos, vêem as fotos dos itens à venda. Tudo a preço de banana!

Quem se interessar, pode me escrever (camila.moraesARROBAgmail.com), garantir o móvel desejado e dormir tranqüilos por ter ajudado 'as irmã'.

Que assim seja!




Puff de xita = R$ 40. Novo e charmosérrimo!



Poltrona "Marcinha" de oncinha = R$ 100. Certamente vai dar tapa.



Microondas = R$ 90. Quem não precisa de um?



Planta (de sombra) = R$ 30. Se não morreu comigo, não morre com ninguém.



Mesinha de telefone = R$ 20. Com imagens de galãs do cine, made in Benedito (bem sabemos).



Mesinha de centro = R$ 70. Ai, que dó (amo, comprei de joguinho com o Perón).



Abajur = R$ 20. Super efeito noturno.



Armário com gavetas = R$ 150. Madeira maciça!


Cadeira de escritório = R$ 75. Segura até minhas dores nas costas.


Cama+box = R$ 300. Nova e de qualidade!


VHS = R$ 50. Lembre-se de que muitos filmes da sua locadora ainda não foram digitalizados.


DVD = R$ 80. Simples, mas honesto.


Estante branca = R$ 80. Novamente: simples, mas honesta.


Impressora = R$ 120. Novíssima!

Máquina de lavar roupa = R$ 200. A portinha é frontal, assim que dá pra empilhar roupa tranquilamente.


Mesa de madeira = R$ 100. A peça mais legal da casa, na minha humilde opinião.

miércoles, 6 de junio de 2007

América Latrina inspiradora

Latinoamérica, apesar de América Latrina (dito com carinho e espirituosamente, tá), inspira. Não só por suas paisagens desnumbrantes - e dá-lhe mar azul do Caribe, montanhas altas e geladas, grandes capitais animadas... - mas também pelo seu pulsar cinematográfico.

Foi exatamente isso que levou Palmas, rato de trilhas-arrendimento e de viagens-furada - a curtir uma prainha sem maiores obrigações eco-esportivas e registrar toda a parada (beleza, incluiu uma trilha de sete horas, pobre da Bruna) em imagens que viraram uma obra de arte do cinema turístico-experimental.

E como a produção foi rodada na Venezuela, ele fez boa vizinhança e agradeceu devidamente o apoio de Hugo Chávez Frias. Isso aí, salvemos a pele.

Curtam a história dando play no vídeo abaixo! A trilha sonora é de arrasar.

martes, 22 de mayo de 2007

Argentinos avisam: viagra sem culpa

Para que desistir de acompanhar E registrar as particularidades mais particulares da América Latina, se os periódicos nos presenteiam notícias tão interessantes quanto essa:

"Pesquisadores argentinos afirmam que Viagra pode ser bom para jet lag".

É por isso que eu decidi - e isto lhes anuncio - seguir dividindo com meu público mais fiel, provavelmente de duas pessoas, minha mirada sobre a mirada desse povo tão criativo.

E voltando à notícia, parece que pelo menos em camundongos, o citrato de sildenafil, vulgo Viagra, ajuda a recuperação de cérebros desnorteados pelo mal das viagens para fuso horários diferentes.

A adaptação dos bichinhos "viajantes" foi melhor em 50%, o que, tenho certeza, levará a argentinada a acreditar sem medo na caixinha de Viagra, mesmo se ela tiver que ser carregada na bagagem de mão, sempre tão sujeita a ser revistada.

* OBS: Não que importe, mas a nota no jornal termina dizendo que não é possível saber se "o mesmo ocorre no homem". Os testes foram realizados com o adiantamento do relógio biológico dos animais - e não o contrário. "O efeito, portanto, não seria sentido de leste a oeste".

lunes, 14 de mayo de 2007

Baila, Santa...

Continuo latineando em terras brasileiras e, por sinal, bem acompanhada!!!

Eu, Mee, Paulinha e Inara, eleita - ou fagocitada - a musa Bajofondo 2007, nos enfiamos no Via Funchal nessa segunda, dia 14, para ver Bajofondo e... cair nos braços de Santaolalla.

Depois de um "nos acompañan al escenario para bailar???" de um total desconhecido, no nos faltó más que ir a misa ;-)

Ai, que delícia, Santa!!!

martes, 8 de mayo de 2007

Hasta siempre, América Latina


Acabou!

Foram exatos 70 dias e, sem por nem tirar, uma experiência fascinante. Há muito o que agradecer: o companherismo do Al, o bom humor tupiniquim do André del ano, a companhia surpresa de personagens como Rafael, figura imperdível de Curitiba, de Juan, meu adorável guia de Lima, de Tom, o australiano que vende café e que a Marcinha certamente cataria, e de muitas outras figuras inesquecíveis.

O destaque vai com carinho pro meu querido Alex, que apesar de colombiano não é de todo perigoso (!), e que, com muita dedicação, mostrou a mim tudo o que a Locômbia, um dos auges dessa viagem, tem a oferecer.

O resultado, além de uma cabeça girada, pirada e agitada, sem pedir perdão pela repetição de "adas", é um bando de projetos, fruto de inúmeras novas vontades que se juntaram às velhas, mas, sobretudo, um encontro com a América Latina e com a latinidade em mim e em todos nós (cursi, cursi).

Sem delongas nesse post [meio que] conclusivo, meu voto é que a gente se una. Já somos um povo, um estilo. Estão aí as nuances, que, claro, têm de haver em cada lugar. Mas engana-se quem achar que não se trata de uma só alma.

A grande tarefa pendente - e que a levemos à cabo - é misturar o espanhol e o português, abrir as fronteiras culturais, fortalecer-se em todos os sentidos de dentro pra fora (chega de dependência) e abraçar o continente.

Eu já abracei, por enquanto com tapinha nas costas. Muito há de vir (e que seja nível três!). Por hora, deixo os dedicados leitores deste humilde blog com um obrigada-pela-parte-que-me-toca e com meu site que acabou de nascer para, quem sabe, provocar uma dessas mudanças que eu comentei que desejo.

Nos vemos por aqui, com menos frequência mais com a mesma besteirada, e lá também, no www.lalatina.com.br.

Pois sem medo de posar de Che Guevara, eu ainda digo:

Hasta siempre, Latinoamérica!

No Primero de Mayo, rendida nos braços da construção

Eu havia de ser coroada rainha de alguma coisa, algum dia. Tinha plena convicção. Quisera eu que fosse das mulheres mais lindas E com Q.I mais alto, tipo a Sharon Stone, mas isso só até saber que existe na Venezuela a U.B.T., a Associação dos Trabalhadores Socialistas da Construção (não se deixem levar pela sigla).


Ao contrário de 2006 ao lado de Fidelito e seus chocolatines, meu Primeiro de Maio de 2007 em Caracas não teve Chávez, como merecia, mais esbanjou, sim, altas doses de calor humano à venezuelana. O lance é que el presidente ficou lá por Cidade Bolívar, não me recebeu pra fazer a Revolução e tampouco "falou às massas para encantá-las", como fraseou um dos meus companheiros pedreiros de marcha. Não importa.


O dia, um agradável lunes de sol, começou com minha ida ao ponto central da cidade e também concentração das distintas marchas que percorreriam a cidade: a avenida Bolívar. Pois é claro que eu não buscava ninguém da oposição (queria ver como se comportam os chavistas), portanto tudo se tratava de seguir uma multidão de vermelho.




De mini e camiseta branca, bolsa de zebra nos ombros, comecei a seguir um pessoal que cantava bem animado. Pois tem vezes que meu cabelo levemente claro e minha pele de hospital parecem reluzir. Como consequência desse fenômeno, não durou nem dois minutos para que me abordassem: "Mas você tem que usar camiseta vermelha!". Respondi que era só eles me "regalarem", que eu usava (afinal rezava por algo que me misturasse com a aquela multidão o mais rápido possível), e uma camiseta e um boné depois, lá estava eu, vermelha e socialmente fashion.


Corremos, gritamos (Uh, ah! Chávez no se va!) e celebramos o dia de não trabalhar, até nos concentrarmos diante de um palco de onde líderes dos sindicatos não esbanjavam tanta criatividade ao alternar os berros entre "Trabajadores chavistas, boliviarianos y socialialistas!" e "Socialismo, patria o muerte".


Tudo era festa, até virar realmente rumba com a chegada de um grupo de salsa para animar a garotada. Eu já andava devidamente escoltada por dois amigos, ops, companheiros, que me protegeram dos incontáveis olhares de "que faz essa mina aqui". Duas canções mais tarde e começaram as abordagens. Pois dancei, dancei e dancei. Yunior e José se preocuparam: era de um pra outro, do outro pra um. Virei a rainha da construção, disputada entre os grupos que tomavam vinho, os que tomavam cerveja e os que chupavam gelinho.


* Los compas José e Yunior.

A essa altura já sabiam que eu "era" brasileira, e o Brasil, na cabeça deles, já parecia um lugar beeem razoável - "Chávez é amigo do Lula!" -, à curta distância de ligações semanais, envio constante de cartas, possíveis viagens de avião ("Cuanto cuesta el pasaje?") e até de mudanças de vida ("Se encuentra trabajo ahí?"). Calculo que uns 12 venezuelanos estejam programando uma visita a São Paulo logo.


Já sem pensar em Chávez, que me deixou a ver navios, me senti devidamente agraciada pelas visitas, cartas e ligações que nunca vão acontecer. E de vermelho, rosa ou o que for, curti o carinho, as risadas e a bonita experiência. Compas, pues con o sin Chávez... Que viva la revolución ;-)