
Eu havia de ser coroada rainha de alguma coisa, algum dia. Tinha plena convicção. Quisera eu que fosse das mulheres mais lindas E com Q.I mais alto, tipo a Sharon Stone, mas isso só até saber que existe na Venezuela a U.B.T., a Associação dos Trabalhadores Socialistas da Construção (não se deixem levar pela sigla).

Ao contrário de 2006 ao lado de Fidelito e seus chocolatines, meu Primeiro de Maio de 2007 em Caracas não teve Chávez, como merecia, mais esbanjou, sim, altas doses de calor humano à venezuelana. O lance é que el presidente ficou lá por Cidade Bolívar, não me recebeu pra fazer a Revolução e tampouco "falou às massas para encantá-las", como fraseou um dos meus companheiros pedreiros de marcha. Não importa.

O dia, um agradável lunes de sol, começou com minha ida ao ponto central da cidade e também concentração das distintas marchas que percorreriam a cidade: a avenida Bolívar. Pois é claro que eu não buscava ninguém da oposição (queria ver como se comportam os chavistas), portanto tudo se tratava de seguir uma multidão de vermelho.


De mini e camiseta branca, bolsa de zebra nos ombros, comecei a seguir um pessoal que cantava bem animado. Pois tem vezes que meu cabelo levemente claro e minha pele de hospital parecem reluzir. Como consequência desse fenômeno, não durou nem dois minutos para que me abordassem: "Mas você tem que usar camiseta vermelha!". Respondi que era só eles me "regalarem", que eu usava (afinal rezava por algo que me misturasse com a aquela multidão o mais rápido possível), e uma camiseta e um boné depois, lá estava eu, vermelha e socialmente fashion.

Corremos, gritamos (Uh, ah! Chávez no se va!) e celebramos o dia de não trabalhar, até nos concentrarmos diante de um palco de onde líderes dos sindicatos não esbanjavam tanta criatividade ao alternar os berros entre "Trabajadores chavistas, boliviarianos y socialialistas!" e "Socialismo, patria o muerte".

Tudo era festa, até virar realmente rumba com a chegada de um grupo de salsa para animar a garotada. Eu já andava devidamente escoltada por dois amigos, ops, companheiros, que me protegeram dos incontáveis olhares de "que faz essa mina aqui". Duas canções mais tarde e começaram as abordagens. Pois dancei, dancei e dancei. Yunior e José se preocuparam: era de um pra outro, do outro pra um. Virei a rainha da construção, disputada entre os grupos que tomavam vinho, os que tomavam cerveja e os que chupavam gelinho.

* Los compas José e Yunior.


Já sem pensar em Chávez, que me deixou a ver navios, me senti devidamente agraciada pelas visitas, cartas e ligações que nunca vão acontecer. E de vermelho, rosa ou o que for, curti o carinho, as risadas e a bonita experiência. Compas, pues con o sin Chávez... Que viva la revolución ;-)

3 comentarios:
Te encargo una pesquisa: ¿por qué en portugués se dice "venezuelano" y en español, "venezolano"? ¿No debería ser al revés?
Me imagino que eso sea parte de un acuerdo entre Chávez y Lula, algo amigos, para que se estreche la relación entre Venezuela y Brasil. Al final, "ue" siempre da una "españolada" a las palabras en portugués.
Qué ue-vones. ;-)
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