martes, 8 de mayo de 2007

No Primero de Mayo, rendida nos braços da construção

Eu havia de ser coroada rainha de alguma coisa, algum dia. Tinha plena convicção. Quisera eu que fosse das mulheres mais lindas E com Q.I mais alto, tipo a Sharon Stone, mas isso só até saber que existe na Venezuela a U.B.T., a Associação dos Trabalhadores Socialistas da Construção (não se deixem levar pela sigla).


Ao contrário de 2006 ao lado de Fidelito e seus chocolatines, meu Primeiro de Maio de 2007 em Caracas não teve Chávez, como merecia, mais esbanjou, sim, altas doses de calor humano à venezuelana. O lance é que el presidente ficou lá por Cidade Bolívar, não me recebeu pra fazer a Revolução e tampouco "falou às massas para encantá-las", como fraseou um dos meus companheiros pedreiros de marcha. Não importa.


O dia, um agradável lunes de sol, começou com minha ida ao ponto central da cidade e também concentração das distintas marchas que percorreriam a cidade: a avenida Bolívar. Pois é claro que eu não buscava ninguém da oposição (queria ver como se comportam os chavistas), portanto tudo se tratava de seguir uma multidão de vermelho.




De mini e camiseta branca, bolsa de zebra nos ombros, comecei a seguir um pessoal que cantava bem animado. Pois tem vezes que meu cabelo levemente claro e minha pele de hospital parecem reluzir. Como consequência desse fenômeno, não durou nem dois minutos para que me abordassem: "Mas você tem que usar camiseta vermelha!". Respondi que era só eles me "regalarem", que eu usava (afinal rezava por algo que me misturasse com a aquela multidão o mais rápido possível), e uma camiseta e um boné depois, lá estava eu, vermelha e socialmente fashion.


Corremos, gritamos (Uh, ah! Chávez no se va!) e celebramos o dia de não trabalhar, até nos concentrarmos diante de um palco de onde líderes dos sindicatos não esbanjavam tanta criatividade ao alternar os berros entre "Trabajadores chavistas, boliviarianos y socialialistas!" e "Socialismo, patria o muerte".


Tudo era festa, até virar realmente rumba com a chegada de um grupo de salsa para animar a garotada. Eu já andava devidamente escoltada por dois amigos, ops, companheiros, que me protegeram dos incontáveis olhares de "que faz essa mina aqui". Duas canções mais tarde e começaram as abordagens. Pois dancei, dancei e dancei. Yunior e José se preocuparam: era de um pra outro, do outro pra um. Virei a rainha da construção, disputada entre os grupos que tomavam vinho, os que tomavam cerveja e os que chupavam gelinho.


* Los compas José e Yunior.

A essa altura já sabiam que eu "era" brasileira, e o Brasil, na cabeça deles, já parecia um lugar beeem razoável - "Chávez é amigo do Lula!" -, à curta distância de ligações semanais, envio constante de cartas, possíveis viagens de avião ("Cuanto cuesta el pasaje?") e até de mudanças de vida ("Se encuentra trabajo ahí?"). Calculo que uns 12 venezuelanos estejam programando uma visita a São Paulo logo.


Já sem pensar em Chávez, que me deixou a ver navios, me senti devidamente agraciada pelas visitas, cartas e ligações que nunca vão acontecer. E de vermelho, rosa ou o que for, curti o carinho, as risadas e a bonita experiência. Compas, pues con o sin Chávez... Que viva la revolución ;-)

3 comentarios:

Alberto Ramos dijo...

Te encargo una pesquisa: ¿por qué en portugués se dice "venezuelano" y en español, "venezolano"? ¿No debería ser al revés?

camila moraes dijo...

Me imagino que eso sea parte de un acuerdo entre Chávez y Lula, algo amigos, para que se estreche la relación entre Venezuela y Brasil. Al final, "ue" siempre da una "españolada" a las palabras en portugués.

Alberto Ramos dijo...

Qué ue-vones. ;-)