lunes, 30 de abril de 2007

Colombianismos - não para!

Pois agora não para mais. Os colombianos encontraram voz em meu humilde blog e agora me enviam freneticamente novos termos de seu vocabulário peculiar (gracias, Alex, lindo!).

Alex está fazendo força para arrancar lá do fundinho mais e mais gírias. É ele quem acrescenta:

:: Párame bolas: ponme atención.
:: Chanda: de mala calidad, malo.
:: Parar oreja: escuchar.
:: Mirar rayado: mirar de reojo, con rabia. Olhar de rabo de olho…
:: Meterse al rancho: insultar, meterse con algo personal.
:: Estar salado ou me lleva el putas: estar de mala suerte. Estar cagado?
:: Patán: atrevido, basto, de malos modales.
:: Chimbo: de mala calidad, articulo pirata, miembro viril. Qualé que é a do “membro viril”??
:: Pelar el cobre: mostrar realmente como es la persona.
:: Cascar: golpear.
:: Lambón: interesado, persona que se arrodilla ante los demás para conseguir lo que quiere. Puxa saco…
:: Choro: ladrón.
:: Chiripa: de suerte. Pasé el examen de pura chiripa. Passei de rabudo!
:: Sacar la piedra: sacar el mal genio.

E, por fim, ainda ameaça:

"Ya encontraré otros..."

Cenas da Caracolândia















Ao invés de comentários ao léu, a transcrição de um ilustrativo bate-papo com Arturo, o taxista:

Camila: ¿Y te gusta vivir en Caracas?
Arturo: Más o menos... Es una ciudad muy estresante. Hay demasiado trafico, demasiada gente, demasiado ruído.
Camila: ¿Cuantos habitantes hay en Caracas?
Arturo: Unos 5 millones.
Camila: Se supone que de donde vengo yo la cosa es 4 veces más estresante.
Arturo: Uy... Imagina tú.

(...)

Camila: Qué te parece Chávez?
Arturo: Es el presidente de Venezuela, ¿qué decir de esto?
Camila: ...
Arturo: Soy apolítico.
Camila: Pues eso está de moda.
Arturo: ¿Y tú, qué piensas de Chávez?
Camila: Un tantico exagerado...
Arturo: Es amigo de tu presidente.
Camila: Pues antes amigo.
Arturo: La verdad es que a mi me tocó vivir con Chávez y a ti te tocó vivir con Lula.
Camila: Así es la vida.
Arturo: Sí, así es, mi vida.

Legendas das fotos, de cima para baixo:

Abre) Quien dijo que el capitalismo es bonito?
1) Reforma constitucional vem aí, e propaganda é o que não falta.
2) Centro comercial não é grama, mas em Caracas é quase. Esse superluxuoso é o Santo Ignacio.
3) Centro Comercial Tolón, full no domingo (até barbeiro funciona).
4) A foto era pra clicar a bolsinha do Brasil, mas o colega rindo do lado é bem melhor...
5) Parece Buenos Aires: jubilados politicamente conscientes reunidos na praça!
6) Cada um na sua, mas com alguma coisa em comum.
7) Infelizmente, não fiquei pra descobrir qual dos personagens ele resolveu levar.
8) Capitolio.
9) Panteón Nacional: "casa de más de 160 ilustres venezoelanos" muertos.
10) Museu de Bellas Artes + Cinemateca!
11) Muita pixação, poucos estênciles.
12) Metro, bem bom.
13) Brahma, minha gente. E pegando pesado.

Piraram nos trajes


Trajes Monte Cristo - Distancia y Categoria? Ui...

domingo, 29 de abril de 2007

Roupa íntima é o novo café





Gente, que é isso que os colombianos tem com roupa íntima que eu não sabia? Pois em Caracas, esses lugares especializados estão por todos os lados.


Made in Venezuela



Está OK ser orgulhoso de pertencer ao próprio país - que digamos nós, brasileiros, nossa publicidade e nossas torcidas. Os venezuelanos também o são, mas com algum exagero, que chega a beirar o furto de personalidades marcantes de outros países. Segurem o Pelé.

Uma vez na terra de Bolivar…





Para quem não sabe (direito) quem foi o cara:

Foto 1: Simon Bolivar, libertador de Venezuela, Nueva Granada, Ecuador y Perú y fundador de Bolivia.

Foto 2: Nació en Caracas el 24 de julio de 1783 y murió en Santa Marta el 17 de diciembre de 1830. Sus restos de trasladaron a Caracas el 17 de diciembre de 1842.

Foto 3: o look dele.

Do lar?



O serviço de migração da Venezuela deu um show de atendimento vip. Foi o único a disponibilizar uma chica que completava as fichas de imigração para cada um dos candidatos a cruzar a fronteira.

Eu, cansada, a olhava com um terno olhar de agradecimento por não ter que fazê-lo eu mesma, até que li no campo “profissão” da minha ficha a descrição “hogar”.

Fiquei me preguntando se tenho cara, unhas ou cabelo de alguém maltratado pelos serviços do lar – e que me perdoem as corajosas e reais “do lar”. Até que vi na ficha da mulher do lado (uns 60 anos, algo mais caseira que eu, imaginei) a palabra “diseñadora”. Uma chica criativa, essa. No mínimo.

Em Caracas, na Venezuela… E cruzei a última fronteira!

Pois lhes digo – na verdade, já disse – que cruzar fronteiras pode ser um perrengue e tanto. Esta última (ufa, agora só vou de avião) foi tranquila, assim que considero que minhas chances de ser sequestrada diminuíram radicalmente.

Santiago de León de Caracas, nacida em 1567 e hoje lar de cinco milhões de gentes, é minha última parada desta viagem rumo ao desconhecido “com entrada paga” e já está se revelando um bom treinamento para meu retorno à loucura de São Paulo.

Aqui shopping é centro comercial, cariñosamente chamado de c.c., e tem a dar com pau. Todo dia parece 24 de dezembro, e o povo compra, compra e compra... E viva o socialismo!

Mais direto impossível


Será que o macaco Simão precisa de correspondentes internacionais para sua coluna na Folha?

E dizem que é ceviche...


Acharam que minha investigação cevichiana tinha chegado ao fim? Pois jamais. Inclusive agora venho à tona com a descoberta que na Colômbia – e também na Venezuela, desconfio, mas ainda irei comprovar – o chamado ceviche passa longe do que é, convencionou-se, ceviche.

Os caras juntam camarão, maionese, catchup, cebola, alho e limão num copinho, oferecem umas bolachinhas salgadas para acompanhar, cobram caro e saem por aí chamando a gororoba de ceviche.

Não é ruim (onde já se viu alho e molho rosé deixarem espaço pra alguma coisa ser ruim?), mas vou logo dizendo: os peruanos jamais aprovariam.

Djamadas, djamadas, djamadas!

Simplesmente não sei como isso nao estourou ainda no Brasil.

Na Colômbia – e agora sei que na Venezuela também – o povo ativa várias linhas de celulares (imagino eu que em sua maioria sejam pré-pagas ou entao frutos de raríssimas promoções relâmpago de 500 minutos) para vender “minutos”.

Funciona assim: você identifica o vendedor (tipo o cara da foto, devidamente identificado), passa o número (seja para outro celular, fixo ou internacional – esse último tipo é bem raro via celular, como já se sabe), ELE disca e você conta sua vida, sem maiores preocupações, com ele aí do lado!

Muitas vezes, você está atado ao vendedor por uma cordinha (para que não saia correndo com o celular dele), ou seja, e viva a quebra de paredes. E a praticidade, claro.

Pois ligue djá!

Mais é mais e ponto final


É a vitória do kitsch no sistema público!

Os ônibus locombianos são o máximo (alguém se arrisca a dizer que são o “mínimo”?) em termos de decoração e coragem ao adorar o brega.

Pena que não consegui registrar uma chiva, que é um dos tipos mais adornados, só que sem portas, tipo caminhão do bom gosto, sabe?

Colombianismos







Não basta falar espanhol, o povo quer é que você saia, de cara, mandando bem nas gírias. É por isso que, depois de vários dias na Colômbia, coleciono um vocabulário local de dar inveja a qualquer mano da zona leste, uma vez em SP. Confiram:

:: Ressaca é guayabo. Parce, que guayabo pues!
:: Se dar mal é pailar. Si no lo aprendes... pailas!
:: Pereza é flojera. Também tem "qué concha!", que é "que preguiça!". Em tempo: estar cansado é estar mamado e foquear é dormir. Destaque para a quantidade de vocábulos dedicados à falta de energia.
:: Encapricharse é fixar-se exageradamente na outra pessoa. Vea la parejita... Estos dos están encaprichados.
:: Ficar noivo é cuadrarse. Pois não parece se enquadrar do vocabulário policial? Hehe.
:: Berraquera é entusiasmo.
:: Mono(a) é loiro (a). Contra todas as expectativas lógicas.
:: Qualquer pessoa na rua, assim, à distância de um "ei, fulano(a)", é um chino(a).
:: Caminar é echar pata.
:: Estar furioso é estar arrecho ou cachondo.
:: Vaina é palavra malandra pra coisa. ¿Cómo funciona esta vaina?
:: Cansón é um tipo chato, ou petardo, que mama gallo (enche o saco). Que, por sinal, pode ser descrito como intenso. Ao contrário do português, isso não é coisa boa.
:: Estar apaixonado platônicamente é estar tragado. Atenção, tem que ser platônico.
:: Mandar cascara (assim se diz na Costa) ou tener huevo (do interior) é ser sem-vergonha, descarado.
:: Um rollo é uma história. Siempre el mismo rollo.
:: Um bonche é uma pelea (peleja - adoro essa palavra, breguíssima em português!), ou seja, uma briga. Uy, hermano, qué bonche.
:: Estar llevado é o mesmo que estar jodido.
:: Hijuemichica! Bizarríssimo, é um termo que junta várias palavras, a começar por ("hijue", que vem de "hijo de", uma das poucas que identifico), para significar "vixe, algo deu errado...". Certo...
:: Um sapo é chismoso, ou seja, fofoqueiro.
:: Um churro ou um biscocho é uma mulher bonita. Mas eu gosto mesmo é de mamazita. Só que dizem que é meio pesado...
:: E, por último, cazotar baldoza é, puramente, dançar. Algo do tipo "ralar coxa".

Falei?

Nas fotos, uma prova de que os locombianos se orgulham do seu próprio espanhol. Esses cliques são de Cartagena, e as expressões, portanto, são de lá.

Colombiano habla - ou faz conta?


Pues tirem suas conclusões:

:: Estoy sin 5 = Não tenho um puto.
:: Hágame un 14 = Faça-me um favor (lembrando que 14 não é 69).
:: Hágame un 4º = Me ajude a ocultar isso (repito a advertência acima).
:: De 5º = De má categoria (Opa! Essa a gente conhece).

Perdida sim, e daí?







Epa!

O cabo apareceu e, com ele, ressurgi. É verdade que estava perdida na Colômbia, sim, e daí? Também, com uma paisagem dessas, quem não se perderia? Já diria o moralista-natureba, quem não é dos entorpecentes, vai de pôr-do-sol. E de cerveja. Certo?

Legendas das fotos (de cima pra baixo):

1) Puesta del sol em Taganga, Santa Marta. Caribe, sim senhor.
2) Praia Grande (que troquem esse nome), em Taganga.
3) Cartagena, também Caribe, terra de um dos festivais de cine mais mais de Colômbia.

sábado, 28 de abril de 2007

O bom amigo avisa

Não se preocupem, tampouco rompam a amizade: estive perdida na Colômbia, país onde mais dediquei meus dias nessa viagem, mas agora estou de volta à urbanidade conectada.

Liberada pelas Farc depois de um tratamento vip, cheguei a Caracas, Venezuela, para me juntar a Chavez neste primeiro de maio. Ano passado, Fidel foi quem teve o prazer da minha presença, assim que... O que dizer do ano que vem?

Peço perdão pela ausência de foto nesta mensagem, mas qual não foi minha surpresa ao ver que o cabo da máquina fotográfica não está na minha mochila. Pois amanhã tudo será diferente, sobretudo se o cabo nao tiver se juntado ao meu iPod (roubado) ou à fonte do meu laptop (perdida).

Enfim Venezuela, hermanos!

martes, 17 de abril de 2007

Chafé colombiano, o melhor do mundo


Entendam: uma coisa é café, outra é preparar café. Assim que, nós brasileiros, não temos que nos preocupar com a concorrência colombiana, pelo menos na art-de-vivre-tomando-café (mas sim com os italianos), já que eles são na verdade bons tomadores de chafé.

Ou de "tinto", que é como eles chama o café preto aqui. Quando anunciaram na rua, pensei que era vinho e resolvi mandar. Qual não foi minha decepção...

Sofia, seu charme e seu miniviolino


Linda, talentosa, superdesprendida, Sofia é a violinista mais jovem que já conheci. Além de sobrinha do Alex, ela é dançarina, cantora, exímia escritora (segundo o que me contou) e fala pelos cotovelos. Um bebé.

A primeira maravilha da Colômbia




Está rolando aí uma campanha pra eleger a primeira maravilha da Colômbia. Forte candidata é a Catedral de Sal de Zipaquira, cidade próxima de Bogotá, onde uma enorme escavação em pedras e em formações salitres foi ocupada por... uma igreja!

O lugar realmente é curioso, merece elogios e tal, mas meu voto na verdade vai para outra maravilha. E não é o café.

Boteradas




Claro! Vim à Colômbia e conheci o Botero e um Botero. O primeiro, o pintor, é o tema de um museu homônimo onde não se pode entrar mascando chiclete. Já o segundo, Jorge Eduardo de nome, é um adorável diretor de fotografia para cinema, louco personagem, que me chama de "Argentinita". Bom, minha brasilidade que me perdoe, mas até que eu gostei.

Bogostenciles






Aqui tem de sobra! Coloco nada mais do que algumas amostras, porém já anuncio: um projeto de livro a respeito vem aí ;-)

Sua personal celebrity curandeira







Ele cura tudo (desde dor de dente à desenlace não desejado) e mora em Nova York vivendo do bom e do melhor, mas nos deixou uma filial da sua empresa-todas-religiões-em-uma em Bogotá.

É o Índio Amazonico (sim, ele se apropiou do termo, mas imagino eu quantos desses ainda haverão, apesar da devastação dos colonizadores europeus), sua personal celebrity curandeira.

Não é o da foto, mas também pode horrores. Vejam pelos depoimentos nos ladrilhos da calçada.