jueves, 6 de septiembre de 2007

Um blog íntimo para mudar de vida


Hoje senti um clique para fazer deste blog algo mais pessoal e psicológico, algo na base do relato pessoal, como tem feito o diretor Fernando Meirelles no blog sobre a rodagem de Blindness, seu novo filme. Adoro piadinhas mais distantes, do tipo irônico, sobre alguma observação vivida em um lugar diferente daquele com que se está acostumado. Mas a verdade é que ando em um momento introspectivo, e por isso me tem falhado a perspicácia do olhar, pelo menos à agudez que me gostaria.

Mudar de vida é um baita esforço. Mas não é só isso: também é uma maneira de se levar a própria vida, negando – ou tentando evitar – que as coisas se estabilizem ao ponto de gerar tédio, cansaço psicológico, medo da velhice, arrependimento pelo que não se fez. Esse hábito, que eu creio ter desenvolvido, é bom por essa série de coisas que enumerei aqui, mas também é uma espécie de mal, desses que a gente tem sem saber, porque se acostumou a viver com ele.

Minha primeira experiência fora do Brasil foi na Itália, onde conquistei aquela sensação de que o mundo poderia ser meu – e de que oxalá o fosse através das viagens que meti na cabeça que poderia e iria realizar. Em seguida, veio o conturbado, porém riquíssimo e inesquecível período na Alemanha, onde o projeto e os objetivos de se estar ali foram se consolidando no meio do caminho, em uma espécie de cena paralela à que estava realmente acontecendo. Depois dessas vivências, que duraram algo em torno de três anos, voltei para casa com ganas de muito e de tudo, além de um olhar para o Brasil que sem dúvida me parecia muito mais livre e fiel, e portanto mais feliz, do que seria se eu sempre estivesse ficado no meu quarteirão.

Locombia, ao contrário dos outros lugares, escolheu a mim. Não só o país, senão seu contexto maior, que é a América Latina, o subdesenvolvimento e sua pá de coisas ainda por fazer, o modus operandi da gente, a música. E uma pessoa. Interessante ser escolhida quando o que se faz não é outra coisa que escolher, decidir. Vim pra cá com a mesma vontade de conquistar um novo espaço que senti outras vezes, mas com um crédito depositado na conta desta mesma incerteza de ter sido chamada em vez de chamar.

A alegria é aquela velha conhecida: olho pela janela, e é novidade; pego ônibus cheio como fiz milhares de vezes, e a balada é como se fosse vivida por primeira vez, assim como muitas outras coisas simples ou pensadas que faço – me agradem ou não. As pitadas de tristeza vêm da saudade, coisa que até que gosto de cultivar pra sentir amor na prática, do medo de ter errado (esse, tão arraigado na minha cabeça), da ansiedade por que as coisas se resolvam logo e atestem de uma vez que já deram certo.

A Colômbia – ou Bogotá, que é maneira mais justa de se referir ao meu novo entorno – é um lugar de muitas iniciativas. É um pólo de resistência, como todo “santo” canto latino-americano. E de uma incrível força de dentro pra dentro, mais do que de dentro pra fora: gente sobrevivendo como pode, fazendo bicos e curtindo churrascos e cervejas nos intervalos do jogo, pegando ônibus cheio além dos níveis de normalidade e achando isso engraçado, inventando projetos, vendo notícias e novelas na televisão e enfrentando a burocracia dos seus próprios burocratas. E criando - bastante e como pode.

Espero muitíssimo encontrar meu lugar aqui nesse lugar, que não é nada distante do meu de origem. Com sorte, depois das andanças tantas, vou chegar àquela tenaz conclusão de que buscamos a nós mesmos em outros lados, que já posso sossegar, entregar o racicínio à sorte que é minha e também a do espaço que escolhi. Então, poderei celebrar o lado bom de mudar de vida por um país, por alguém... O que for.

3 comentarios:

Anónimo dijo...

Ehhhhhhhhh

Anónimo dijo...

dias introspectivos,todos necesitamos aquellos dias

Anónimo dijo...

bogotan project,

estamos sempre indo.
voltar é andar para frente.
o tempo urge, o mundo se transforma.
o que é, vai deixar de ser.
o que foi, passou.
e o que virá?
o que virá, minha cara?