viernes, 15 de agosto de 2008

Crônica amorosa de um sorvete de menta

Deixei meu amor sem comentar com ele uma importante descoberta: em Bogotá, sim, tem sorvete de menta. É uma pena e uma dor tão doída tê-lo deixado, que parece sinto na pele o resumo perfeito da vida: mixto de alegrias em êxtase com uma constante administração de tristezas. Mas Alex e eu, como diz a música do peruano Daniel F, "sólo fuimos hasta la esquina".

Pois foi numa esquina, quando me deu vontade de comer doce, que entrei num Dunkin&Donuts e, entre rosquinhas esbranquiçadas, encontrei uma variedade de sabores de sorvete. Desde longe (o que pra mim são tipo 30 cm, porque sou cega), vi que dois deles eram verdes. Como não há variedade de pistache, o coração começou a palpitar. Logo, a descoberta: na Colômbia, sim, tem sorvete de mentaaaaa!

Amo sorvete de menta. Originalmente, confesso, esse gosto em mim foi influenciado. Minha tia Lisa sempre pedia esse sabor quando íamos tomar sorvete no Rocha, em Ubatuba. Mas o encontro entre eu e essa delicatesse foi tão tão, que, desde os 10 anos, essa é minha pedida certa (ainda que eu combine esse sabor com alguma variação de sorvete de chocolate).

Daí a minha extrema alegria ao descobrir que o "outro" verde era de menta.

Não pedi o sorvete nesse momento. Saí de lá preparando mentalmente a notícia para contar ao Alex, que tanto buscou esse sabor comigo durante meu primeiro ano em Bogotá (já comentei que cumpri 365 de Cocolômbia dia 3 de agosto?). Ia dizer pra ele que minha primeira tomada de sorvete de menta em território colombiano ia ser com ele.

Nos encontramos fora de casa nessa mesma segunda-feira para tomar algo, e o clima estava raro. Terminamos discutindo, depois de um encontro todo atrevessado, que nem eu, nem ele entendemos ou provavelmente chegaremos a entender. No lugar da minha notícia tonta, mas bem animada, o comunicado - recíproco - foi que já não tinha por onde tentar refrescar nossa relação.

Entre mortos e feridos, fico (e terei que ficar) com a refrescância do meu recém-descoberto sorvete de menta. Vou tomá-lo sozinha, essa primeira vez.

Por que será que as buscas sempre parecem acontecer a dois, enquanto as descobertas só se dão mesmo na solidão?

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