miércoles, 30 de enero de 2008
De volta à minha (louca) casa
De volta a Bogotá. E com a sensação de que é um barato voltar pra cidade natal da gente – São Paulo, no meu caso – e sentir que se está de visita. Pois foi o que eu senti, não exatamente caminhando pela Paulista pagando de turista, mas dormindo na casa dos pais, comendo comidas preferidas a diário, tirando roupa da mala (e colocando de volta, porque não tinha gaveta) e, principalmente, vendo notícias sobre a Colômbia no jornal e na TV brasileiros – e sentido que, neste momento, essa sim é a minha casa.
O lance das FARC, acordo humanitário (troca de guerrilheiros presos por reféns da guerrilha), Clara Rojas e Emmanuel etc é um assuntaço. É coisa séria, está sob olhar atento de governos do mundo todo, não só da Colômbia, e envolve aspectos tão plurais quanto a pluralidade louca da América Latina. Tem a ver com os rumos da política do subcontinente, com a comunidade internacional e os direitos humanos, com os rumos da Colômbia, até com a parafernália chavista da Venezuela, com seqüestro (que é um ato de loucura e via nenhuma para o poder popular, ao contrário do que defende a guerrilha), e, claro, com seres individuais.
Quisera eu entender melhor a raiz do conflito e de repente poder opinar com maturidade sobre o tema (quem sabe um dia), mas confesso que o lance individual me chama também e muitíssimo a atenção. Estou doida por inventar algum roteiro que esbarre no tema. E a questão que anda rodeando a minha cabeça é: como diabos rolou a aproximação entre Clara Rojas e o guerrilheiro com quem teve uma relação sexual (ou várias), que resultou em um filho?
Em que condições? Foi paquera? Foi estupro? Que deu do cara? Essas são outras. É por isso que eu ando de olho no assunto. Um olho meio voyeur, menos politizado, é verdade. Mas que tem muito a ver com essa sensação de “minha casa, a Colômbia, e meus conviveres colombianos”.
E para que digam que de política eu nada, aqui fica um aviso importante: dia 4 de fevereiro vai rolar uma marcha em diversas cidades do mundo pelo fim da guerra na Colômbia. Organizada aí a partir da iniciativa de jovens colombianos do “Facebook”, não tem apoio político por trás (de imperialistas, argh), o que já demonstra uma reação interessante (e local, o que é fundamental) pelo fim das FARC – organização senão terrorista, pelo menos assassina, que não tem por onde defender. Aqui em casa, eu sim vou comparecer.
Foto: a estampa de uma camiseta que encontrei na web. Bastante a ver com o assunto.
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