miércoles, 9 de marzo de 2011

(1) A viajante


Amarrou os tênis de trecking com força. Tratou de tirar com um pano úmido as manchas de barro sobre ele. Quando levantou, a saia do vestido branco, com camadas de tule em baixo, formou um esquisito conjunto com os sapatos, típicos de uma mochileira. Uma viajante é o que ela é. Não havia espelhos onde se olhar, nem faziam falta para um passo tão importante quanto o que ela estava a ponto de dar. Foi o que pensou enquanto esperava no ponto. Excessivamente maquiada, com mochila nas costas, pegou o transporte rumo ao endereço anotado em sua caderneta. Pelas janelas barulhentas do ônibus, as paisagens daquele belo país. Um destino mais em seu passaporte, mas desta vez um lugar pra ficar. Foi arrancada de seus planos quando começou a escutar a música alta que vinha de longe. A festa já tinha começado – com barulho, convidados, o noivo. Só carrão parado na calçada. Só faltava ela. Abriu a mochila, pegou um par de saltos com cara de recém-comprados. Pisou sobre eles e ensaiou o passo. A marcha desatou a tocar, e Ariana acordou. Olhou para o padre e para o marido, ambos esperando o sim.

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