viernes, 11 de marzo de 2011

(3) Redes sociais


Gritaria, passos duros, algum objeto que cai no chão. Do hall do quinto andar, dá para sentir que o 502 está em polvorosa. Resmungos de homem, agudezes de mulher. O casal briga, disputando a última palavra. Alguns poucos minutos atrás, ele pegou o elevador com a mulher do sétimo – a que chega tarde todas as noites – e bêbada –, pelo que o povo comenta. Não há silêncio mais incômodo que a viagem em elevador com um vizinho que só se conhece de vista. Cinco andares facilmente viram quinze. Em casa, a esposa do 502 tinha vinho aberto, comida no forno e vela na mesa. Enquanto isso, o marido do 502 e a vizinha do sétimo: sorrisinhos amarelos dos dois declaram que, sim, elevadores são mesmo incômodos. Também, o vestido curtíssimo dela o impede de desviar o olhar do teto. A esposa sai. O marido tem uma ideia para quebrar o gelo. A mulher do sétimo também. O elevador chega ao quinto andar. A porta abre. A esposa vê o marido com uma nota de 100 na mão. O marido vê a mulher apontando para o zíper semi-aberto das costas de seu curto vestido. Os três se entreolham. O hall do quinto andar em silêncio. O marido sai do edifício. Volta. Decide pegar a escada e luta, degrau por degrau, com duas notas de 50 na mão. Quem inventou os elevadores provavelmente inventou também as redes sociais.

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