miércoles, 20 de agosto de 2008

El tiempo anda volando...

As rugas de Beckett, que tanto me têm intrigadas no mestrado.

Ya que puede, tiene que volar. É o que disse Mala Rodriguez, ótima cantora espanhola de hip hop. O fato é que meu tempinho anda a jato.

O que fazer pra deter o tempo, pegar as coisas com a mão e, igual que criança, acordar sábado pra ver desenho com uma sensação enorme de tédio enquanto os pais não acordam?

Acordei outro dia e vi que já sou do time das rugas.

De todo jeito, as rugas não me importam. A porra do tempo sim.

viernes, 15 de agosto de 2008

E quem disse que cachecol é sexy?

Ando escrevendo sobre cinema e política, mas nem por isso minha cabeça deixou de pensar em moda. Tenho uma pergunta que anda me sondando (e assustando, pela falta de auto-respostas convicentes): como ser sexy vestindo roupas de frio?

Por favor, participem, colaborem e opinem. Em Bogotá faz frio. E as casas nao têm calefação. Na Alemanha, por exemplo, pode fazer o maior frio da história no inverno, mas indoor a pessoa pode até ficar de regata, dependendo da situação. Aqui não tem isso.

Assim que é quase impossível, pelo menos para uma pessoa relativamente normal (friorenta) como eu, não usar meia-calça se ponho saia, não por casaco de la com vestido, evitar algo no pescoço se vou de decote.

Estou em crise. Nunca banquei a gostosona, mas eu - que aqui não vivo sem jaqueta - estou me sentindo universitária em excesso (intelectualzinha, sujinha e pobrinha). Uma vez um amigo me disse, quando eu o convidei pra ir ao Espaço Unibanco, que esse era o cinema do povo que não tira o cachecol do pescoço. Em outras palavras, cachecol = pose de aspirante a intelectual aspirante a cinéfilo. Zero sexyness.

Estou zero de sexyness! Será que pra estar bonita tem que sofrer? Será que frio vence sexy appeal? Quem tiver respostas, já sabe.

Crônica amorosa de um sorvete de menta

Deixei meu amor sem comentar com ele uma importante descoberta: em Bogotá, sim, tem sorvete de menta. É uma pena e uma dor tão doída tê-lo deixado, que parece sinto na pele o resumo perfeito da vida: mixto de alegrias em êxtase com uma constante administração de tristezas. Mas Alex e eu, como diz a música do peruano Daniel F, "sólo fuimos hasta la esquina".

Pois foi numa esquina, quando me deu vontade de comer doce, que entrei num Dunkin&Donuts e, entre rosquinhas esbranquiçadas, encontrei uma variedade de sabores de sorvete. Desde longe (o que pra mim são tipo 30 cm, porque sou cega), vi que dois deles eram verdes. Como não há variedade de pistache, o coração começou a palpitar. Logo, a descoberta: na Colômbia, sim, tem sorvete de mentaaaaa!

Amo sorvete de menta. Originalmente, confesso, esse gosto em mim foi influenciado. Minha tia Lisa sempre pedia esse sabor quando íamos tomar sorvete no Rocha, em Ubatuba. Mas o encontro entre eu e essa delicatesse foi tão tão, que, desde os 10 anos, essa é minha pedida certa (ainda que eu combine esse sabor com alguma variação de sorvete de chocolate).

Daí a minha extrema alegria ao descobrir que o "outro" verde era de menta.

Não pedi o sorvete nesse momento. Saí de lá preparando mentalmente a notícia para contar ao Alex, que tanto buscou esse sabor comigo durante meu primeiro ano em Bogotá (já comentei que cumpri 365 de Cocolômbia dia 3 de agosto?). Ia dizer pra ele que minha primeira tomada de sorvete de menta em território colombiano ia ser com ele.

Nos encontramos fora de casa nessa mesma segunda-feira para tomar algo, e o clima estava raro. Terminamos discutindo, depois de um encontro todo atrevessado, que nem eu, nem ele entendemos ou provavelmente chegaremos a entender. No lugar da minha notícia tonta, mas bem animada, o comunicado - recíproco - foi que já não tinha por onde tentar refrescar nossa relação.

Entre mortos e feridos, fico (e terei que ficar) com a refrescância do meu recém-descoberto sorvete de menta. Vou tomá-lo sozinha, essa primeira vez.

Por que será que as buscas sempre parecem acontecer a dois, enquanto as descobertas só se dão mesmo na solidão?

miércoles, 6 de agosto de 2008

O amor - eu sei - existe


Pedro Pana é a prova na minha vidinha que alguém pode prometer mundos e fundos pra você. Fui pra Guajira, onde o conheci, e descobri que valho o equivalente a dois caminhões de bode + duas caixas de whisky. É que nessa região da Colômbia os homens eventualmente trocam seus bens por mulheres que valham a pena. Uma “normalzinha” pode chegar a valer 2 bodes, mas a minha pessoa – que pareceu ter agradado – vale são dois caminhões mesmo, além do whisky de contrabando. Só esqueci de perguntar se posso eu mesma trocar os caminhões e os whiskies por mim. Nenhum risco de mal negócio: minha alma eu entregaria, sem mais.


Bom, ele também me prometeu uma casa na praia. E queria pagar o segundo semestre do meu mestrado. Quis saber quantas horas de vôo são para o Brasil, quanto vale a passagem e como faz pra marcar. Chamou minha mãe de sogra, botou panca no cara que cuidava do barraco onde eu fiquei hospedada em uma rede para ele cozinhar frango pra mim (lá só tem peixe) e também cuidou do meu abastecimento diário de cerveja (umas 20 “shortnecks” por dia; short porque cada garrafa tem tipo 200 ml).

Aí eu pergunto pra vocês: o amor, a doação e a piração existem ou alguém ainda duvida???

Novamente bogotando, presente e atuante

Uhú!

Fui, voltei, e aqui estou de volta.

Estou devendo aquela explicação sobre meu bombástico primeiro semestre: o que aconteceu é que a realidade provou seu cacife, e minha insistência dourada em acreditar que o amor existe e é facinho teve que se transformar em uma pequena mas pesada administração de conflito.

Saí da casa do Alex, fui viver na Candelária (bairro colonial que fica no centro de Bogotá), onde o frio congela os pés, as mãos e às vezes os ânimos (o bairro é alto, portanto mais frio, e as paredes das casas, que por sinal são lindas, não esquentam muito). Em poucas palavras, tive que usar meu então nível reduzido de energia pra trabalhar, manter em dia o mestrado e me tirar do “bajón”. Acho que deu certo, porque fui a São Paulo trabalhar e conseguir plata pra seguir com os planos aqui (ou onde quer que seja), pensei e voltei. E, falando a verdade, passei um período muito legal na Candelária, sem falar da viagem de renovação à Guajira, região norte da Colômbia, onde o deserto encontra o mar do Caribe – e eu me encontrei, feliz (a fotinha é pra ilustrar o curioso estado de espírito). Resultado: nova visão das coisas colombianas e da minha participação aqui na loucurinha.

Bom, explicado o drama, vamos pra fase “paquitas, nova geração”. Voltei com os votos renovados. Estive em Buenos Aires, e minha querida amiga Helô (que cuidou muito bem de mim) foi uma grande inspiração para esse essencial desapego às coisas materiais que a pessoa tem que ter para ser um andarilho no mundo. Ela também faz mestrado fora, lá em Buenos Aires, e sabe da importância não só de “ter somente aquilo que se pode carregar”, citando-a devidamente, como de seguir adiante com os planos, ainda mais quando são planos de estudo, aprendizagem, experiência no mundo. Ser coerente, ser persistente.

Se tudo acontece como planejei (se leram o parágrafo anterior, sabe que não vai ser bem assim, mas não importa), em Bogotá estarei até o final do ano que vem. Não sei se já comentei aqui, mas a Colômbia me tem obcecada com o que é um país. Um país são duas coisas: um contexto social, político e econômico, por um lado, e um coração, por outro. Estou ligada à Colômbia por esses dois lados, e bastante. Quero me meter nesse contexto, aprender, me empanturrar e depois seguir a vida como seja, mas diferente. E também me sinto em casa, e aí está a parte do coração. Nunca senti aqui que estava em um lugar desconhecido. Sensação assim, estando de fato em um lugar desconhecido, não é coisa que eu queira desprezar.

Ando fazendo mil coisas e louca pra me organizar. Tenho muitas vontades e poucas horas no dia, assim que o mestrado vai ter que imperar, e o tempo que sobra terei que repartir entre o trabalho na produtora, o esforço pra manter vivo meu querido e necessário Lalatina.com.br, as colaborações com a Arcadia, com a Folha e, com sorte, com a Piauí, o projeto do livro, o projeto do roteiro, e os jobs que me garantem a grana. Muita coisa, já viram, então algo vai ter que dançar, antes que dance eu.

O fato é que sigo aqui presente e atuante. Ando com vontade de escrever coisas que não têm que ser tão pensadas antes de tocar o papel, assim que este meu querido e humilde blog pode ser uma boa via de escape, assim como os ouvidos (ou olhos) de vocês, queridos amiguinhos.

Estarei ainda mais presente. E atuante.

Besos, besos, desde o país da Operação Xeque, Jaque, Jegue....